Com grande experiência na área das finanças, Ana Martins quer proporcionar o melhor aos cidadãos do seu concelho, visando várias áreas como a habitação, a saúde e a educação, sem esquecer a importância do ambiente, do desporto e da cultura.

Ana Martins recandidata-se à presidência da Câmara Municipal de Tavira, em representação do Partido Socialista (PS) nesta cidade algarvia

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The Portugal News (TPN): Como é que reagiu aos resultados das eleições legislativas?

Ana Martins (AM): Estamos num período em que os nossos governantes, na minha opinião particular, têm tendência, por vezes, a esquecer um pouco o Algarve. Eu acho que os Governantes, e a maior parte das pessoas do país, vêm cá no mês de agosto, nas férias, ficam cá uma semana, 15 dias, e é espetacular, temos uma excelente qualidade de vida, temos excelentes praias, temos excelente gastronomia, é verão, toda a gente se diverte, e, portanto, há sempre esta imagem de que no Algarve tudo corre bem. Mas depois, nos outros 11 meses do ano, temos dificuldades, e temos problemas que são muito específicos da nossa região

. Hoje em dia, temos o problema da habitação, mas também temos o problema de ter um custo de vida mais elevado, também devido ao turismo, que, depois, não corresponde aos nossos salários. Estamos também muito dependentes do turismo; a economia da região não é uma economia diversificada, e acabamos por estar muito dependentes do turismo, e isso cria alguma insatisfação nas pessoas que cá vivem, porque percebemos que não estamos a olhar para os verdadeiros problemas do Algarve. Neste momento, com o preço das casas que temos no Algarve, não conseguimos fixar um jovem no Algarve,

acho que o que aconteceu nas eleições legislativas teve um pouco a ver com isso, tem a ver com a insatisfação das pessoas. Penso que este voto do Algarve que nos chega tem muito a ver com o descontentamento das pessoas de quererem olhar para nós de uma forma diferente, e para a especificidade dos nossos problemas.

A população do Algarve está a viver numa zona turística, mas depois não temos o retorno do investimento, a nossa mobilidade é o que é. A saúde, é um caos; aliás, é em todo o país, mas nós já nos habituámos, temos este problema há vários anos. O mesmo se aplica à educação, tendo resultados preocupantes de insucesso e abandono escolar no Algarve e, portanto, acho que tudo isto são preocupações para as quais ainda ninguém olhou e, na minha opinião, os resultados foram uma consequência dessas razões.

Créditos: Imagem fornecida

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TPN: Como é que o município pode contornar a situação que acabou de descrever?

AM: Vamos dar um bom contributo daquilo que será necessário para a habitação. Já lançámos um concurso para 24 novas habitações e, até ao final do mês, vamos lançar um novo concurso para mais 24 novas habitações em Cabanas de Tavira e há novos projectos por aprovar. Temos também o projeto para ser concluído em mais nove casas, que também pretendo lançar até ao final deste mandato, e depois vamos comprar um lote, onde vamos construir as primeiras 24 casas que referi, e depois teremos mais 54 para construir.

Numa fase de pré-estudo, está a reabilitação de alguns dos edifícios que temos aqui na cidade, a preços acessíveis, para, sobretudo, médicos, professores, para podermos albergar esses profissionais, que também precisamos de fixar na região.

Estamos neste momento a melhorar as condições do nosso equipamento de saúde, ao mesmo tempo que desenvolvemos um projeto de ampliação e beneficiação do centro de saúde existente, que é a ampliação e melhoramentos das instalações em Cabanas de Tavira. Será efectuado um investimento de quase 10 milhões de euros numa unidade de consultas externas e meios de diagnóstico. Atualmente, marcar este tipo de exames complementares é muito complicado para as pessoas, e nós também podemos prestar o serviço.

Na área da educação, já reabilitámos várias escolas; estamos neste momento a trabalhar na escola primária de Santa Catarina, já tínhamos feito a da Conceição, a de Cabanas e a de Santo Estevão. Estamos também a desenvolver um projeto para requalificar a escola secundária de Tavira, que está na lista das 21 escolas do país que precisam de uma intervenção urgente. Espero que esta atividade decorra da melhor forma possível

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TPN: Como descreveria a população estrangeira a residir em Tavira?

AM: Tavira tem uma população estrangeira significativa, que representa cerca de 26% da população. Temos aqueles que são trabalhadores, que vêm em idade de trabalhar, e que trabalham, desde os mais especializados até aos que trabalham na agricultura ou no sector do turismo, por exemplo. Basicamente, temos pessoas da Suécia, de Itália e, obviamente, britânicos. Mas também temos a residir aqui comunidades do Paquistão, Nepal, Índia e Bangladesh

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TPN: O que é que o município tem feito para integrar a comunidade estrangeira?

AM: É importante trabalhar na integração e inclusão destas pessoas, até porque algumas destas pessoas têm tido o desejo de trazer as suas famílias, o que traz alunos para as nossas escolas. Por isso, tentamos integrar e ajudamo-los a aprender português.

Criámos, há cerca de cinco anos, um espaço de apoio aos imigrantes, o CLAIM, onde procurámos desenvolver uma brochura com algumas informações básicas em várias línguas sobre o Concelho. E muita gente procura o CLAIM para ter essa informação.


TPN: Porque é que é importante ter a comunidade estrangeira a participar nas eleições autárquicas?

AM: A legislação dá-lhes esse direito por uma razão, porque devem participar na construção da cidade e das políticas locais. Penso que o devem fazer caso queiram melhorar alguns aspectos.

Um autarca é mesmo para servir as pessoas, tem um espírito de missão e, falo por mim, há sempre momentos de alegria em que podemos ajudar e, portanto, só o podemos fazer com a participação de todos.

Para além das eleições, chamamos a comunidade no processo de discussão pública do regulamento de um plano municipal das várias áreas que temos para a cultura, para o desporto para o ambiente neste caso a ação climática, para a mobilidade que o estrangeiro também pode vir participar, ajudando-nos a criar planos estratégicos que mostrem qual deve ser o caminho a seguir nestas áreas no horizonte temporal de 5 ou 10 anos.