No entanto, o Governo descartou a ideia. "O Governo não está a considerar um aumento do preço da água de Alqueva", afirmou o Ministério da Agricultura em resposta ao ECO/Capital Verde.

A proposta foi também firmemente rejeitada pelas associações de agricultores. Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal(CAP), disse que os produtores "não devem ser obrigados a pagar o défice de exploração da EDIA, nomeadamente através do aumento do preço da água". Salientou que, embora a EDIA possa enfrentar dificuldades financeiras, o Estado não o faz, uma vez que a atividade agrícola apoiada por Alqueva gera receitas fiscais significativas. Um estudo encomendado pela EDIA e realizado pela EY no início deste ano confirma que essas receitas superam os prejuízos da empresa.

Mira acrescentou que a EDIA "está a ser bem gerida" e que eventuais défices operacionais devem ser compensados através de transferências do orçamento nacional e não através de encargos adicionais para os agricultores.

A Associação de Jovens Agricultores(AJAP) também se opôs à ideia, dizendo que "a água de Alqueva não é barata" e que qualquer aumento de custos deve ser "tecnicamente justificado, economicamente sustentável e socialmente equilibrado". A AJAP alertou para o facto de que, para os produtores de culturas anuais como o milho, o tomate, os legumes e as forragens, a água pode vir a representar 20% a 35% dos custos diretos de produção por hectare - potencialmente inviabilizando muitas operações.

Embora Salema tenha sugerido um sistema de preços diferenciado com base no tipo de cultura, o diretor-geral da AJAP, Firmino Cordeiro, reiterou a forte oposição da organização. Tendo em conta os aumentos acentuados dos preços dos fertilizantes e dos pesticidas, a incerteza do mercado e as condições climatéricas cada vez mais irregulares, afirmou que qualquer aumento do custo da água seria "simplesmente caótico" para os agricultores já sob pressão.