Depois de ter sido rejeitada uma Moção de Confiança proposta ao Parlamento pelo Governo da Aliança Democrática (AD), Marcelo Rebelo de Sousa convocou os portugueses para eleições, um ano depois das legislativas de 2024.

Neste artigo, vamos destacar os principais pontos do manifesto de cada partido para sectores como a habitação, o turismo, a imigração e a saúde.

Aliança Democrática(AD)

A AD é a coligação política entre o PSD e o CDS-PP, formando uma aliança de centro-direita entre os dois partidos. É liderada por Luís Montenegro, o atual Primeiro-Ministro.

No que diz respeito à imigração, a coligação pretende tornar mais rigorosos os requisitos de naturalização, o que pode (ou não) afetar os titulares do Golden Visa. Há também um trabalho em curso, que pretendem continuar, sobre a deportação de imigrantes ilegais em Portugal.

No que diz respeito ao turismo, a AD pretende simplificar os processos administrativos no sector, bem como promover as actividades turísticas no interior do país, com o objetivo de equilibrar o sector.


Em matéria de habitação, a AD quer reduzir os impostos dos jovens que tentam comprar a sua primeira casa e quer promover as parcerias público-privadas para aumentar a oferta de habitação, bem como reduzir os impostos no sector da construção para estimular o desenvolvimento da habitação.

No que diz respeito ao Serviço Nacional de Saúde(SNS), a coligação pretende promover a combinação dos sectores público, privado e social para reduzir as limitações do SNS. O trabalho conjunto espera melhorar o acesso local à saúde, bem como atrair profissionais de saúde para zonas onde a falta de médicos é mais sentida.

Partido Socialista(PS)

O principal partido da atual oposição é definido como um partido de centro-esquerda e é liderado por Pedro Nuno Santos.

Na imigração, o partido pretende desburocratizar os sistemas administrativos através da utilização de serviços digitais.

No sector do turismo, o PS pretende regular o AL (alojamento de férias), evitando um crescimento excessivo que possa afetar a disponibilidade de habitação para os portugueses.


No sector da habitação, os socialistas querem continuar a investir na habitação pública e aumentar os impostos sobre as mais-valias das segundas habitações que ficam desabitadas. Há também o objetivo de regular o mercado de arrendamento para estabilizar os preços das rendas.

No que diz respeito ao SNS, o PS quer alargar as áreas da medicina dentária e da saúde mental ao domínio da saúde pública e garantir que todas as famílias portuguesas tenham um médico de família no seu centro de saúde local.

CHEGA!(CH)

O partido de extrema-direita liderado por André Ventura é atualmente a terceira força política em Portugal.

Conhecido pela sua agenda contra a imigração, o CH quer trazer de volta o serviço de segurança nas fronteiras e impor quotas sobre as necessidades e qualificações laborais dos imigrantes que chegam a Portugal. O partido quer também revogar a liberdade de circulação de pessoas para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).


Em matéria de turismo, o partido pretende tornar mais fácil a obtenção de licenças para o sector, com o objetivo de aumentar o desenvolvimento de infra-estruturas. Para o sector da habitação, o CH quer abolir alguns impostos sobre a propriedade e simplificar os processos de licenciamento de construção.

Crítico em relação ao estado atual do SNS, o partido quer integrar o sector privado nos cuidados de saúde públicos e trazer melhores equipamentos e mais técnicos para as unidades de saúde. O CHEGA! também quer reduzir o tempo de espera para consultas ou outros procedimentos médicos.

Iniciativa Liberal(IL)

A atual quarta força política é um partido de centro-direita liderado por Rui Rocha.

Em termos de imigração, o partido quer trazer para Portugal trabalhadores qualificados e reduzir a burocracia nos serviços de imigração.

O IL quer apoiar o sector do turismo e é contra as penalizações que podem ser aplicadas no sector, nomeadamente na AL.


No que diz respeito à habitação, o IL acredita que o Governo deve intervir menos no sector, bem como pretende melhorar a oferta de habitação através da promoção do investimento privado.

No que diz respeito à saúde, o partido quer incentivar a concorrência entre o sector privado e o sector público e dar vales aos portugueses para escolherem em que sector querem ser tratados.

Bloco de Esquerda(BE)

O partido de esquerda é atualmente liderado por Mariana Mortágua.

Relativamente à imigração, o BE tem uma posição mais liberal, apoiando a legalização dos imigrantes que ainda se encontram indocumentados, bem como sendo contra a limitação da imigração ou quaisquer práticas discriminatórias.


No sector do turismo, o partido quer criar quotas por freguesia para alugueres de curta duração, como o AL, defendendo a sua restrição.

No que diz respeito à habitação, o BE quer aumentar a oferta pública e estabelecer limites aos preços das rendas.

Para além de querer reduzir o tempo de espera, o BE defende a dedicação ao SNS e é contra qualquer tipo de privatização.

Coligação Democrática Unitária(CDU)

A coligação entre o Partido Comunista Português(PCP) e Os Verdes(PEV) é liderada por Paulo Raimundo.

Na imigração, a CDU quer resolver os actuais casos de imigração, bem como proteger os imigrantes no país.


O partido apoia a regulamentação do AL para proteger a disponibilidade de habitação. Em matéria de habitação, a CDU quer construir 50.000 habitações públicas e é contra a posição de que a habitação pode ser um investimento.

Na saúde, o partido quer alargar as infra-estruturas do SNS e aumentar os salários dos profissionais de saúde. A CDU quer ainda aumentar o acesso à educação para a saúde e aos rastreios precoces.

Livre(L)

O partido liderado por Rui Tavares defende políticas de esquerda ligadas a uma agenda ambiental.

O partido apoia a integração dos imigrantes no país, promovendo programas nesse sentido.

Relativamente ao turismo, o Livre quer endurecer as regras de alojamento turístico e reforçar a fiscalização do arrendamento ilegal.


Em termos de habitação, o partido sublinha que a habitação é um direito constitucional e pretende promover o investimento na habitação pública. Relativamente aos imóveis devolutos e de luxo, o Livre pretende aumentar a tributação.

No que diz respeito à saúde, o partido apoia o investimento público no SNS e promove a articulação da saúde com os cuidados sociais, mentais e ambientais.

Pessoas-Animais-Natureza(PAN)

Sem uma ideologia definida, o partido é liderado por Inês Sousa Real.

Em termos de imigração, o partido defende a imigração compassiva e advoga a proteção legal dos imigrantes.


Relativamente ao turismo, o PAN defende que o AL deve ser limitado em determinadas zonas do país.

Como ambientalistas, o partido defendeu a habitação amiga do ambiente, bem como a promoção de preços de aluguer regulados.

No sector da saúde, o partido defende não só a melhoria do SNS, mas também a criação de um sistema público de cuidados a animais de companhia, para que os donos de animais de companhia possam ter acesso a cuidados veterinários a preços acessíveis.